Informação sobre rinite, causas, sintomas e tratamento da rinite alérgica sazonal ou perene, rinite infecciosa viral, bacteriana e outras


Eliminar causas da rinite

Naturalmente cabe ao médico determinar com precisão causas da rinite. Entretanto, o próprio doente pode perceber que alguns factores são os responsáveis pelos seus sintomas. Percebe, por exemplo, que o pó dos tapetes, móveis estofados, armários embutidos, casas fechadas, estantes de livros etc., piora ou provoca espirros ou coceira no nariz. Verifica que as mudanças na temperatura, frio, vento, etc., não afectam a maioria das pessoas, mas provoca-lhe os mesmos sintomas desencadeados pela poeira. Recorda-se que à noite no quarto e na cama, é que vêm os sintomas da rinite. Quando se refere à sua doença, para amigos ou para médico diz sempre: "parece que estou permanentemente constipado".
Com esta história clinica e com um mínimo de exames complementares (testes alérgicos, pesquisa de eosinófilos no exsudado nasal, análises de sangue e, às vezes, radiografias) o médico está capacitado para apurar as causas da rinite e prescrever a terapêutica correcta, para alivio rápido da manifestação alérgica.

O que é uma alergia

Quando o organismo é agredido por uma substância estranha, por exemplo uma bactéria, ele defende-se produzindo anticorpos que reagem a esta substância estranha, para tentar a sua eliminação, mantendo a integridade do organismo. A isto se chama imunidade. Esta é uma reacção normal do organismo.
Na alergia estão em jogo os mesmos elementos da imunidade: uma substância estranha (alergénio) e anticorpos específicos. Mas, em lugar de imunidade ou defesa, temos uma doença. A alergia deve-se, portanto, a uma resposta alterada. Indivíduos especiais (alérgicos ou atópicos) produzem anticorpos para substâncias inócuas à maioria das pessoas. Do encontro destas substâncias com os anticorpos previamente formados numa exposição anterior, resultam os sintomas alérgicos.

Consequências da rinite alérgica

A rinite alérgica não é uma doença grave, isto é, não provoca consequências desastrosas para o ser humano, nem determina a sua morte. Entretanto, é uma doença crónica bastante desagradável, uma vez que determina as seguintes anormalidades: dores de cabeça, irritabilidade, perda de apetite, insónia, diminuição do rendimento escolar em crianças, perturbação do comportamento social e, quando o entupimento é constante e intenso, dificuldade considerável na respiração, pela obrigação de se respirar somente pela boca. Outra consequência comum e importante da rinite alérgica é a dependência aos medicamentos (gotas nasais), cujo uso abusivo leva a alteração da mucosa, reflexos em outros sectores do organismo e a uma dependência física e psicológica das gotas para o nariz.

Prevenir a rinite

A profilaxia ambiental é atribuição total do doente ou de sua família. Nem o melhor médico do mundo conseguirá êxito se o doente não colaborar.
Para êxito no tratamento da rinite alérgica, o combate à poeira da casa deve ser constante.
A profilaxia ambiental pode ser assim sistematizada:
1- Cuidados especiais com o quarto de dormir, tais como:
Retirar tapetes ou na total impossibilidade, passar o aspirador de preferência à tarde; envolver colchões, travesseiros e cobertores, com plástico, ou usar material sintético; manter os armários limpos e livres de poeira e bolores, por fora e por dentro; conservar as paredes sem infiltração e bolor; manter as janelas abertas e se possível sem cortinas; evitar insecticidas, detergentes fortes ou certos perfumes.
2- Cuidados gerias com a casa, tais como:
Limpeza da casa com aspirador ou pano húmido; janelas abertas; cuidados na limpeza dos móveis, quadros e paredes; atenção para o sofá da sala da televisão; evitar tapetes preferindo material sintético, etc.
3 - Cuidados pessoais, tais como:
Vida ao ar livre, exercícios, natação, banho com água menos quente. Todas estas medidas se destinam a anular ou minimizar as influências inespecífica na rinite.

Cura da rinite alérgica

Hoje, com os recentes progressos na terapêutica a rinite alérgica pode ser facilmente controlada. Se o doente tomar consciência do papel dos inalantes domiciliares no aparecimento dos sintomas, e se realizar uma criteriosa profilaxia, a sua manifestação clinica diminuirá consideravelmente. Se as prescrições do seu médico forem seguidas correctamente a expressão clinica da rinite ficará reduzida a um mínimo absolutamente confortável, significando uma cura clinica.

Tipos de rinite mais frequentes

Quais os tipos mais freqüentes?
A rinite medicamentosa é muito freqüente, pois as pessoas usam medicamentos no nariz sem orientação médica, ignorando os riscos que estão correndo. Muitos medicamentos usados no nariz podem causar rinite, ao invés de curá-la.
A rinite irritativa é comum nas grandes cidades, em locais muito poluídos e com agentes irritantes na atmosfera. Os sintomas podem acontecer em pessoas que trabalham sem usar máscaras em fábricas onde são manipulados materiais industriais ou em ambientes com muita poeira, ou que trabalham com tecidos. As crianças que estudam em locais poluídos, ou locais que estão em reforma, podem ter rinite irritativa.
A rinite vasomotora é também comum em ambientes poluídos, mas podem acontecer em outras áreas. Quem tem rinite vasomotora pode apresentar os sintomas quando fica nervoso ou quando está cansado ou com estresse (stress).
A rinite alérgica é muito comum, especialmente em cidades grandes, cujo ambiente é poluído e onde a poeira doméstica é abundante, e em locais úmidos, com mofo.

Rinite alérgica perene

A rinite perene está normalmente associada à sensibilização aos alérgenos presentes dentro de casa, como os ácaros. Na rinite perene as pessoas geralmente apresentam prurido nasal, coriza e obstrução nasal crônica.

Rinite alérgica sazonal

A rinite sazonal, é também conhecida como febre do feno (“hay fever”). Essa alergia se caracteriza por aparecer repetidamente em certas épocas do ano. Está associada aos grãos de pólen e esporos de fungos presentes no ar.
Na rinite sazonal são mais freqüentes os espirros, olhos vermelhos e lacrimejantes.

Rinite alimentar

Na rinite alimentar, os sintomas aparecem em reação à ingestão de certos alimentos ou seus corantes e preservativos. Usualmente, provoca comprometimento concomitante de outros sistemas do organismo (ex.: pele).
Chama-se de rinite gustatória aquela associada a ingestão de alimentos muito quentes ou muito temperados (ex: capsaicina presente na pimenta).
O diagnóstico nas rinites alimentares é de difícil confirmação. Podem ser necessários testes in vitro (RAST) e cutâneos, dietas de exclusão e reintrodução até se comprovar o fator causal.

Rinite emocional

Os sintomas de rinite emocional podem aparecer em indivíduos susceptívies, desencadeados por situações de estresse importante e/ou somatização. O mecanismo provável é por estimulação autonômica parassimpática.

Rinite atrófica

A rinite atrófica classifica-se em primária (etiologia desconhecida) e secundária (iatrogênica).
Na rinite atrófica primária (ozena), a mucosa e osso subjacente das conchas nasais atrofiam-se em graus variáveis.
A cavidade nasal é ampla, porém, obstrução nasal e hiposmia são freqüentes, assim como a mucosa nasal é ressecada com formação de crostras e cheiro ruim.
A rinite atrófica secundária é, na maioria das vezes, iatrogênica, como por exemplo: pós-cirurgia radical das conchas nasais. Pode ocorrer também pós-radioterapia nos tumores nasais e dos seios paranasais. Os sinais e sintomas são semelhantes aos da atrófica primária.

Rinite hormonal

A rinite hormonal é uma forma de rinite comum durante a gestação, menstruação, puberdade e também no hipotireoidismo e acromegalia.
O uso de contraceptivos orais provoca esta tipo de rinite em algumas pacientes (também classificada como rinite induzida por drogas).

Rinite por irritantes

NA RINITE POR IRRITANTES (OCUPACIONAL) os sintomas de rinite surgem relacionados a inalação de vários produtos químicos e gases, contato com animais de laboratório, látex, madeira, partículas de óleo diesel, fumaça de cigarro, entre outros. Quando ocorre exclusivamente no ambiente de trabalho é chamada de rinite ocupacional e pode estar associada a asma ocupacinal.

Rinite induzida por drogas

Rinite induzida por drogas resulta do uso continuado de drogas sistêmicas como: reserpina, guanitidina, fentolamina, metildopa, inibidores da ECA, prazosin e beta-bloqueadores.
Outras drogas incluem clorpromazina, cocaína, aspirina e outros anti-inflamatórios não-esteróides, contraceptivos orais, betabloqueadores oftálmicos de uso tópico, etc...
Quando a rinite é induzida pelo uso crônico de gota nasal descongestionante, chamamos de rinite medicamentosa.

Rinite não alérgica Eosinofílica (RENA)


Caracterizada por sintomas nasais tipo alérgicos perenes e eosinofilia nasal, porém sem evidência de mediação por IgE (teste cutâneo negativo e níveis de IgE normais). A etiologia é desconhecida, ocorrendo em indivíduos acima dos 20-30 anos. É comum o aparecimento de pólipos nasais nestes pacientes, podendo representar um estágio inicial de intolerância ao ácido acetilsalicílico.

Rinite idiópática

A RINITE IDIOPÁTICA (“VASOMOTORA”) é uma rinite não-alérgica e não-infecciosa, na qual ocorrem reações de hipersensibilidade nasal em presença de agentes inespecíficos, como por exemplo: cheiros fortes, cigarro, alterações de umidade e temperatura, etc...
Os sintomas predominantes são obstrução nasal e/ou rinorréia. Não se sabe precisamente qual sua etiologia, motivo pelo qual passou a ser chamada de idiopática. O diagnóstico é, portanto, de exclusão.

Imunoterapia no tratamento da rinite alérgica

A imunoterapia é a única forma de abordagem da rinite alérgica que pode atuar diretamente sobre a causa da doença, isto é, a resposta imune do indivíduo atópico. A imunoterapia objetiva reduzir o grau de sensibilização e, em conseqüência, a inflamação característica da rinite alérgica. Estudos controlados demonstram o benefício da imunoterapia na rinite alérgica. A imunoterapia pode prevenir o surgimento de novas sensibilizações e impedir o surgimento de asma em pacientes com rinite alérgica.
A indicação da imunoterapia deve estar fundamentada na comprovação da sensibilização alérgica, na avaliação cuidadosa da importância da alergia no quadro clínico do paciente e na disponibilidade do alérgeno sensibilizante para o tratamento. A Organização Mundial da Saúde publicou recentemente extenso relatório sobre a imunoterapia com alérgenos.
Conforme este documento, na rinite a imunoterapia com alérgenos deve ser considerada quando: anti-histamínicos e medicação tópica nasal não controlam os sintomas, paciente não deseja permanecer sob farmacoterapia exclusivamente, a farmacoterapia produz efeitos indesejáveis e/ou quando o paciente não aceita usar medicação por longos períodos.
A escolha do(s) alérgeno(s) para imunoterapia deve ser baseada na identificação da presença de anticorpos IgE específicos (através de testes cutâneos, preferencialmente) para alérgenos ambientais de importância na região.
O esquema de tratamento deve ser individualizado. Maior eficácia é obtida com doses elevadas do antígeno. O método mais utilizado e comprovadamente eficaz de aplicação de imunoterapia é através de injeções subcutâneas.
Alguns estudos europeus têm demonstrando efetividade da imunoterapia tópica nasal, oral e sublingual. Todavia, não existe unanimidade sobre o real benefício destas formas de aplicação, que exigem doses muito maiores de alérgenos.

Descongestionantes orais na rinite alérgica

Descongestionantes orais As drogas mais usadas para uso oral são pseudoefedrina, fenilpropanolamina e fenilefrina. A fenilpropanolamina foi proibida no mercado nacional no corrente ano.
Associações contendo pseudoefedrina associada a anti-histamínicos da 2a geração têm indicação por curtos períodos para os casos com intensa congestão nasal.

Anticolinérgicos tópicos para tratamento da rinite alérgica

O brometo de ipratrópio tem como principal indicação o controle da rinorréia.
Não tem atividade contra os outros sintomas característicos da rinite alérgica.

Tratamento da rinite alérgica - Cromoglicato dissódico

O cromoglicato dissódico tem sido utilizado na asma e na rinite alérgica desde o início dos anos 70. Atua estabilizando a membrana de mastócitos, impedindo a liberação de mediadores farmacológicos. Possivelmente apresente também outras formas de ação até o momento não esclarecidas. A ausência de efeitos colaterais significativos torna esta droga segura para utilização na infância.

Tratamento da rinite alérgica - Corticosteróides tópicos nasais

Corticosteróides tópicos nasais Os corticosteróides tópicos nasais (CTN) são as drogas mais efetivas para o tratamento da rinite alérgica.
Os CTN atuam nas fases imediata e tardia da reação alérgica, reduzem o número de eosinófilos na mucosa, inibem a secreção de mediadores na resposta nasal, além de diminuir o número de mastócitos e linfócitos T.
São efetivos no controle da congestão, espirros, coriza e prurido, apresentando efeito variável sobre os sintomas oculares. O tempo de início de ação é de 4 a 12 horas, sendo a máxima eficácia obtida em até 2 semanas. No Brasil são disponíveis para uso tópico nasal: beclometasona, budesonida, triamcinolona, fluticasona e mometasona.
Existem tênues diferenças na eficácia destas medicações. Todavia, ocorrem importantes diferenças relacionadas à potência tópica e possíveis efeitos sistêmicos.
Efeitos adversos locais podem ser observados, como ardência, secura, espirros, sangramento e, mais raramente, perfuração do septo nasal. Atividade sistêmica poderia ocorrer secundariamente à absorção, diretamente pela mucosa nasal ou através da mucosa gastrointestinal, após deglutição. Na criança, o principal efeito colateral seria a diminuição do crescimento ou a alteração na velocidade de crescimento.
O estado atual do conhecimento permite considerar que o uso isolado de CTN não representa maior risco para uso na infância. Todavia, estrita observação sobre parâmetros de crescimento devem ser adotadas quando em uso contínuo e, principalmente, nos casos em que ocorre uso conjunto de corticosteróide inalado para asma brônquica.